quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

INTRODUÇÃO

Este livro retrata a trajetória do artista desde a gestação ao seu renascimento, demonstrando as dificuldades e obstáculos enfrentados em seu processo de vida. É um desafio ser artista numa sociedade que subjuga a arte. Quantas vezes a dignidade do artista é ferida com colocações desrespeitosas do tipo: “Você só meche com isto”? ou “Além disto, o que você faz, de fato?”
A arte nem sempre é vista como um trabalho sério; para muitos é apenas diversão. Quem se diverte com a arte nem sempre é capaz de perceber o trabalho duro por detrás dela. Poucos conhecem os bastidores da vida de um artista.
Nem toda família acolhe e incentiva o artista a ser o que ele é de fato. O preconceito começa dentro de casa com os pais traçando um caminho para o filho onde a arte só pode ser vivida como hobby ou diversão. Ser artista - só nas brincadeiras de criança ou nos sonhos infantis que deverão se apagar um dia. Se este sonho não se apaga, ascende-se os conflitos. No palco da vida, filho que não interpreta o desejo dos pais nem sempre será aplaudido por eles. Apesar disto já ter melhorado muito, a grande maioria dos pais que acolhem seu filho artista ainda projetam um olhar de extrema preocupação sobre o futuro do mesmo.
    A arte e a fama precisam caminhar juntas para que o respeito e a admiração possa nortear inúmeras relações que permeiam a vida do artista. Os convidados especiais serão sempre os artistas regados a fama e dinheiro. O restante da classe, que representa a grande maioria, precisa implorar um convite para atuar gratuitamente ou por uma "merreca" nos palcos da vida ou até mesmo o aplauso de uma platéia nem sempre acolhedora. A arte morreria se não fosse a persistência do artista. Mesmo explorado e desrespeitado, persiste. Persiste para que a arte persista. 
 A carreira de artisa não é vista como uma carreira bem sucedida para muitos. Assim, a grande maioria das escolas de ensino regular não preparam os alunos para serem artistas, ou no mínimo, os incentivam. Preparam robôs para o vestibular de profissões aprovadas pelo mercado capitalista. Já ouvi, indignada, pais e professores expressarem, claramente, que a arte deveria ser sempre encarada como uma segunda opção ou como hobby, jamais como uma profissão séria e promissora. Quantos gênios se perderam neste caminho da desaprovação? Nem todo ser humano é forte o suficiente para suportar os embates da vida artística. Desistem de ser o que são para serem mais um produto neste mercado sujo e competitivo. Quantos tesouros artísticos naufragaram neste mar de descaso que afoga o talento de tantos?
Circo das Cordas é um livro que poderá ser declamado e cantado por todos aqueles que valorizam a arte. Os instrumentos de corda ofertarão a ele o seu corpo sonoro, mais beleza e completude.
É mais difícil ser artista no palco da vida do que no teatro. Ainda assim, há quem deseje representar o difícil papel de sê-lo.

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